Uma vida em Reticências...

...E elas sempre foram para mim significado de muita coisa.

Há quem diga que não se deve viver de reticências, deve-se por ponto final em tudo, eu até concordo, em parte.

Ponto final e ponto. Ok, e aí? Aí é ponto final, THE END, FIM DE HISTÓRIA, isso claro se estivermos levando em consideração que estamos lidando com a coerência.  Mas, é exatamente aí que as coisas acontecem, podemos realmente dizer, FIM?

Em muitas situações, claro, óbvio; se mudei de emprego, FIM para o outro, situação resolvida; se mudei de cidade, ADEUS cidade velha; mas e as situações que não envolvem materialidade, e aquelas onde a DECISÃO, o PONTO FINAL, em sua totalidade estão no EMOCIONAL? Nestas situações é possível dar PONTO FINAL, sempre?

Para muitos sim, é bem tranquilo, mas para alguns como eu, que são próprios vulcões de emoção (apelido que me foi dado pela família), em muitos momentos, sou pura reticências...

Mas o sou por medo de dizer? E onde elas começam ou terminam? O que de fato elas representam? O que digo, ou o que QUERO dizer quando uso reticências?

 Prefiro OMITIR minha fala, ou eu de fato a DESCONHEÇO?

Ou quem sabe ainda, não intento exprimir meu desejo,  e deixo ali subentendido para que o receptor faça a leitura que melhor lhe convier?

Quando sou reticências me EXCLUO em minha fala ou OMITO do OUTRO aquilo que é MINHA fala? Ou mais, PEÇO ao OUTRO que LEIA em minhas reticências aquilo que de fato eu gostaria QUE O OUTRO PERCEBESSE?

Eu sempre fui das reticências, desde a adolescência, elas literalmente falam por mim, em tudo que escrevo, da mais simples frase ao mais prolixo texto, elas falam por mim,  me despem...me desnudam...me entregam...me revelam...

Mas por que SEMPRE usar reticências? Por que quase sempre substituir o ponto final pelas reticências?

Porque estou INACABADA, assim como minha fala, minha vida está inacabada, meus desejos, meus mais profundos desejos, e quando minha fala, é  o reflexo de meu EU, também ela inacabada está...

...porque ainda tenho muito a dizer, de fato, e muito mais ainda a sentir e viver...

Porque não quero fechar a MINHA porta para MIM, posso fechá-la para outrem, mas para mim, NUNCA, e como estes lindos 3 pontinhos falam de mim e por mim...

...Porque metade de mim é amor, e a outra metade, também.” (Osvaldo Montenegro)

 

De todas as pontuações da gramática, os “três pontinhos”, sejam no início, meio ou fim de uma frase, indicam que uma “algo” ficou por terminar. Mas por que NÃO termino? O que faz com que eu não DIGA o quero dizer? O desconhecimento do fato, ou o MEDO de dizê-lo?