Quando a morte nos cai bem!

 

O começo do fim pode ser um bom caminho, por mais fúnebre que possa parecer...

“Não posso fingir que não tenho medo. Mas meu sentimento predominante é a gratidão. Eu amei e fui amado; doei-me e muito me foi dado"; (Oliver Sacks em carta sobre seu estado terminal).

Sendo piegas e parafraseando nossos antepassados, temos apenas duas certezas na vida, nosso nascimento e morte. Todavia, a morte, este ser tão maléficoassustadorsenhora das trevas, nos é desconhecido; sabemos de sua existência, mas ainda assim, não nos conhecemos.

Porém, no momento em que somos apresentados à D. Morte, é NESTE momento em que temos a CERTEZA de nossa finitude, é como se nossa certidão de nascimento tivesse sido carimbada com data de validade, vence em XXXXXX.

É neste momento que acordamos, que surtamos, que enlouquecemos, que nos deparamos com o FIM; jogo sem prorrogação, história sem final feliz. Mas será?

Será a DONA MORTE este ser tão aterrorizante assim? Ou seremos nós que ainda não aprendemos a lidar com nossa finitude de forma saudávelplenacompleta?

Não seria nosso MEDO do FIM muito maior que a vontade de VIVER intensamente? Não seriam nossas inseguranças, nossas crenças no que é lógico, palpável, mais forte que nossas emoções?

A vida nos CTI’s, UTI’s, nos leitos de pacientes terminais corre de maneira diferente, tem um TEMPO diferente. O tempo destes indivíduos é paradoxalmente exponencialmente maior ao dos indivíduos saudáveis; afinal eles correm contra o tempo, portanto, qualquer milésimo de segundo, vira uma eternidade.

Existe “A” maneira de lidar com a morte? Nenhum de nós sabe, mas o que de fato sabemos, e tanto Oliver Sacks como muitos outros que se defrontaram com DONA MORTE sabem melhor do que nós é que, acolhê-la, como FATO é a opção mais saudável.

 E de teimosa que ela é, como em muitas outras vezes, da morte vida se fez...

Mas há algo de benéfico na morte? Bem, se formos analisar a questão em termos biológicos, óbvio que sim, afinal, da morte há renascimento, nossas sementes germinam, novos seres, uni ou multicelulares nascem, e a VIDA recomeça da MORTE, portanto, HÁ SIM, algo de saudávelnatural e até belo na morte.

Preparar-se para o carimbo final do passaporte, previamente agendado, receber a morte de braços abertos, ainda parece ser o que de melhor a morte traz aos passageiros desta vida que de antemão souberam seu destino final.

Receber a morte, como fim (não me aterei a questões religiosas) e não como DOLOROSA, esta sim pode ser uma boa maneira de entender a dona morte. Recebê-la, aceitá-la e fazer dos seus momentos vindouros os MELHORES DE TODOS, isto sim é bem receber a morte.

Agora, precisamos nós sermos brindados por células teimosas que por algum motivo nos odeiam, sorteados na loteria da vida no momento em que não queríamos sair do jogo, para podermos entender o quão linda é a vida, e o quão FELIZES podemos ser?

Ora, precisaremos nós sermos assaltados pela dor para descobrirmos o que de fato nos importa, o que de fato nos faz falta?

A morte é sim uma convidada da festa de nossa vida, contudo, o convite não somos nós que enviamos, e a surpresa da festa fica por conta dela.

Façamos do hoje nosso último dia, façamos de nossas vidas, a vida que queríamos, vivamos como se o mundo fosse acabar, pois, ainda que ele não acabe (acho que acaba), um dia ACABAREMOS NÓS!!!

Viva, para que quando a morte venha lhe visitar você possa recebê-la e que de fato ela lhe “caia bem”...

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Porque a MORTE meu amigo, não tenha dúvida, é a VIDA não vivida, essa sim muito DOÍDA...